segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Ainda a Taça de Portugal (Por Walter Casagrande)



MESMO?


Gostava de conseguir saltar por cima da patética entrega da Taça de Portugal.

Saltar e fazer a chamada gestão das crónicas. Não consigo.

Temos, como diz o Vítor Pereira, mais títulos para ganhar.




Partindo do pressuposto histórico que a Taça da Liga TAMBÉM é para deitar ao gato fiquei entusiasmadíssimo com o plural da palavra título que vislumbra uma candidatura séria a 1 das 2 únicas provas que interessam a clubes armados em grandes.

O que define um clube grande? Lutar por títulos? Não. Estão doidos.

Um clube mesmo grande faz gestão. Um clube mesmo grande quer ter um plantel bem disposto e feliz. Um clube mesmo grande joga com um 11 titular sempre fresco.

No fim da época ficam todos satisfeitos pelas oportunidades que tiveram e pelo facto de estarem todos frescos para darem umas corridas na praia e uns mergulhos no mar. Fazem uma jantarada e abraçam-se todos.

Os passeios de autocarros pela baixa cansam.

Lembro apenas que quando a cúpula dum clube se preocupa apenas com o caviar cauciona e incentiva o povo a não fazer a gestão dos assobios respaldado na capa da “exigência de futebol de qualidade”.

Ontem não nos interessava a Taça da Liga, hoje não nos interessa a Taça de Portugal, Amanhã a Liga Europa é coisa de miúdos, depois de amanhã ser campeão só se for a jogar um futebol de fino recorte e para a semana só a Champions interessará verdadeiramente enquanto não for conseguida a inscrição numa Liga Ibérica onde os nossos activos possam ser colocados na montra, sem gestões.

Um dia destes, perante tanta confusão na cabeça do simples adepto que, qual sobredotado, valoriza em excesso a importância da palavra “Título” o vírus gestionário alastra-se de vez às bancadas.


O jogo é de taça?

“Então vou ao cinema e deixo a gravar na Box. Tenho que gerir o meu orçamento familiar”


Jogamos em Paços de Ferreira para o campeonato?

“Vou gerir o meu orçamento familiar e poupar para a final em Wembley.”


Jogo em Braga às 20.15 para o campeonato?

“Fico em casa. Amanhã é dia de trabalho e quero chegar lá fresco. Para além disso tenho que gerir o gasto em viagens já que este ano ainda tenho que ir a Munique, Madrid, Dortmund e Londres.”


Aposto que lá mais para o fim da época vamos ler uma daquelas entrevistas do Vítor Pereira em que ele confessa um arrependimento.

O do ano passado foi a Flash sobre o Jesus. A deste ano vai ser a gestão de Braga.

Como a culpa não é só do Vítor Pereira e os adeptos confusos parecem dar importância a tudo seria importante sinalizar aquilo que verdadeiramente interessa no início da época.

A gestão da equipa técnica seria uma forma de simplificar as coisas.

Na Liga dos Campeões e no Campeonato ficávamos com o Vítor Pereira.

Na Taça de Portugal avançava o Rui Quinta e na Taça da Liga o Rui Gomes.

Seria uma forma de recompensar o cansaço que o Vítor Pereira sente com os jogos de campeonato. Os diazinhos de férias tinham uma dupla virtude já que ele estaria fresco, bem dormido e repousado para os jogos que dão dinheiro e prestígio que, como sabemos, são os que contam acima de tudo.

Para além disso estimularia a boa convivência da equipa técnica demonstrando ao Rui Quinta que a Estrutura acredita que ele é uma Mais-Valia e o facto de o ter tirado do banco não significa que ele não seja um elemento válido.




Termino com uma reflexão sobre a gestão da palavra.

Quando eu escrevo:

O Porto lutou pela vitória MESMO com a intervenção do Olegário Benquerença significa que estou a dizer que o Olegário Benquerença ou é mau arbitro ou sendo bom teve uma noite menos feliz.
Estou também a dizer que ocorreu uma adversidade externa e, portanto, não controlada por nós e que impediu que o Porto de fazer melhor.



E se o Antero Henrique ou o Pinto da Costa dissessem?

MESMO com o Vítor Pereira no banco o lutou pela conquista da Taça de Portugal.

O que é que se entenderia?

Entender-se-ia que eles estavam a considerar o Vítor Pereira um treinador fraco ou, pelo menos, de qualidade inferior àquela que um clube como o Porto deveria ter se quisesse conquistar a Taça de Portugal.
Seria totalmente inaceitável ouvir esta frase. Quem escolhe hoje não desprestigia a seguir. Se o faz não sabe gerir. E quem não sabe gerir não gere.

Quem gere recursos humanos não precisa de complementar os seus actos com palavras.  O que não pode é destruir a intencionalidade dos seus actos pelo mau uso da palavra.

Se eu dou uma promoção a um funcionário meu chamado Vitorino é natural que ele fique feliz pela progressão na carreira.

Se, a seguir, lhe dou um trabalho importante para executar o Vitorino ficar-me-á grato pela confiança.
Se, após o trabalho realizado digo….

“MESMO tendo sido o Vitorino a fazer o trabalho X quase que conseguíamos fazê-lo no prazo.”
….Arrebento com o que tentei conquistar com a promoção. O Vitorino não ficará feliz e perceberá que é o patinho feio da empresa.





O Vítor Pereira disse isto:

Todos ambicionamos títulos e eu não sou diferente mas fomos eliminados por uma boa equipa. MESMO com as alterações que fiz, batemo-nos de igual para igual com o Braga. Os jogadores estão de parabéns.”

Acompanhado por isto:

Saímos daqui reforçados na união, no espírito de grupo, na confiança que quis transmitir a todo o plantel.”

Será que o James pensa que se tivessem jogado o Lucho, o Moutinho e o Jackson o Porto poderia ainda estar na Taça?

E o Moutinho? Gostava de ir ao Jamor? Pensará ele que se o Porto tivesse jogado com a equipa de Domingo poderia lá chegar?

E o Castro e o Kleber? Sentirão eles a confiança do seu treinador reforçada quando, após a derrota, afirma que MESMO com as alterações feitas o Porto bateu-se de igual para igual com o Braga.

Quando um treinador ou jogador do meu clube diz:

Mesmo com o arbitro X, com o estado do relvado Y ou com a exibição do guarda-redes Z batemo-nos de igual para igual está-se sempre a referir a uma adversidade externa não controlável por quem partilha o nosso lado da trincheira.

Um treinador do meu clube não pode dizer:

MESMO com as alterações que fiz lutamos de igual para igual porque a adversidade é interna e a opção é dele.

Se ele próprio acha que as alterações que fez diminuem a capacidade competitiva da sua equipa só tem dois caminhos:

1- Afirma, peremptória e coerentemente, que aquela competição não é uma prioridade para o clube como já foi feito para a Taça da Liga.

Ou:

2- Reconhece que fez Merda da grossa porque está no lugar em que está para agir em prol da maximização das hipóteses de sucesso do clube.

Não é suposto que a adversidade seja interna. Não é aceitável que em nome da gestão da felicidade dos recursos humanos do clube se diminua o objectivo primeiro e último do trabalho de um treinador: Ganhar.

Ainda que o objectivo de união e felicidade do grupo fosse prioritário é crucial ter tento na língua. Uma palavra pode arruinar com a meticulosa gestão semanal.


Foi mesmo gestão? Ou foi só burrice?



 Por: Walter Casagrande

9 comentários:

Breogán disse...

As palavras deixadas hoje por Pinto da Costa só vêm dar mais força a este artigo de Casagrande. O recado é claro. Nítido.

No entanto, mantenho a minha opinião sobre a rotação. Não se pode é cair neste exagero revolucionário que VP imprimiu para este jogo. As consequências são demasiado nefastas para os magros benefícios que uma (muito) eventual vitória traria.

De resto, assino por baixo. A verdade é dura e já prevejo muito ranger de dente. Paciência. As coisas são o que são.

Carlos Ribeiro disse...

Quem tem um blogue é lícito que lá poste o que quiser!O senhor Walter Casagrande escrevinhou umas "patacoadas" e postou na sua "quinta",por sinal pública,que nos autoriza a "colher" as ditas "patacoadas" lá plantadas.Ora aquelas lenga-lengas do senhor Walter Casagrande são apenas e tão só a sua própria opinião,talvez para ele o supra sumo da análise a uma opção e efeitos da mesma,para mim não passa de uma crónica de "mal-dizer",e,considero que estou a ser benévolo.E porquê a minha benevolência?Fácil!Para não cair no ridículo,duas perguntas:o FCPORTO deve ter uma equipa de 11 insubstituíveis,ou por um conjunto de 16/17 jogadores,com 3/4 polivalentes e todos aptos a envergarem a camisola "azul e branca" em qualquer prova? A segunda pergunta refere-se ao resultado versus opção:será que alguém me prova que com outra opção o resultado seria diferente?Por agora deixo ao senhor Walter Casagrande a meditação sobre as respostas possíveis a estas duas simples perguntas!

Walter Casagrande disse...

Breogán:

Apesar das palavras de Pinto da Costa não tenho tanto certeza que Vitor Pereira esteja sozinho na forma displicente com que se encarou a Taça de Portugal (Nacional e Braga).

Se tivessemos ganho em Braga (o que poderia ter acontecido) acabaríamos por continuar a brincar às revoluções até a coisa correr mal. Pode ser que os efeitos desta derrota impeçam dissabores do género mais à frente.

Carlos Ribeiro:

Fico-lhe grato pelo tempo que entendeu dispensar na análise às patacoadas escritas.

Relativamente às questões:

1 - O Porto deve ser uma equipa orientada para ganhar. Este ano o plantel é mais curto em termos de qualidade o que no meu entendimento deve restringir o potencial de rotatividade.

O Objectivo do Porto, do Barça ou do Real não deve ser criar ao longo da época 16/17 jogadores de grande nivel.
O Objectivo do Porto é tentar ganhar o máximo de competições utilizando para isso os jogadores necessários sejam eles 11,12,16 ou 20.

2 - Tem razão. Depois de meditar nesta sua 2ª pergunta deixei de me considerar o supra sumo da análise.

Não consigo provar. Este seu argumento derrota definitivamente qualquer reflexão sobre futebol.

Por isso amanhã podem jogar o Fabiano, Miguel Lopes, Abdoulaye, Mangala e Alex, Castro, Defour e Danilo, Varela, Kleber e Atsu.

Perdendo ou ganhando nunca ninguém lhe conseguirá provar que a escolha é certa ou errada. Até porque só há 1 jogo e quando se perde não há espaço para fazer marcha-atrás.

Por isso é que defendo que não se brinque com coisas sérias. Avançar com os melhores para não nos torturarmos com o pensamento:

"E se....?"

Mokiev disse...

Aqui aprende-se futebol, muito obrigado.

Carlos Ribeiro disse...

Senhor Walter Casagrande,não precisa agradecer,só lendo,e ler nunca foi perda de tempo,é que posso formar a minha opinião,e assim sendo é que cheguei aquela conclusão,aliás que o seu comentário veio confirmar.Jamais disse que era um objectivo formar ao longo da época um conjunto de 16/17 jogadores,mas sim ter como os exemplos (Real e Barcelona)que dá, os tais 16/17 incluindo 3/4 polivalentes prontos a envergarem a camisola do nosso Clube em qualquer prova.Esqueceu-se de alguns pormenores,por exemplo,Danilo,Maicon,Alex Sandro,Fernando,estiveram lesionados ao mesmo tempo,embora com duração de ausências diferentes,Helton jogou em inferioridade em determinado jogo,ora seguindo a sua lógica o FCPORTO deveria ter perdido aí uns três/quatro jogos,no entanto as tais segundas opções cumpriram cabalmente e os resultados estão aí,eu sei que com muita pena sua e de todos os anti-treinador,azia acumulada libertou-se ao primeiro desaire e há que aproveitar para malhar forte e feio sobre treinador,jogadores utilizados menorizando-os,esquecendo que ainda há pouco tempo era titulares sem alternativa válida.Perdemos aquele jogo em circunstâncias muito "estranhas", estávamos a ganhar quando foi expulso (eu penso que injustamente)um dos melhores em campo,a substituição do segunda opção pelo titular indiscutível deu em golo "esquisito" na própria baliza,enfim...ainda tenho presente as palavras de Mestre Pedroto :no banco têm que estar reforços e nunca meros suplentes!Um dia posso explicar o que ele me explicou com aquela curta frase.Um dia!

Breogán disse...

Só faltava recorrer a cenários metafísicos para ratificar opções técnicas. Provem-me X para não ser Y.

Nesta "quinta" discute-se o FC Porto e não o Portismo. Não há aqui uma cartilha panfletária que imponha nada. Muito menos uma suposta verdade.

Na Tribuna Portista é possível encontrar posições discordantes, até antagónicas, nos escritos dos seus membros. É esse o desafio que propomos: pensar o FC Porto. Cabe ao leitor o exercício mental de construírem a sua visão sobre o FC Porto, concordando ou discordando com aquilo que é escrito na Tribuna Portista.

Walter Casagrande disse...

Senhor Carlos Ribeiro:

Concordo com a frase que evocou do Mestre Pedroto.

No banco têm que estar reforços e não meros suplentes. Não me parece que o alcance da frase de Pedroto fosse o de colocar no banco 6(!?) titulares.

Não me esqueci das lesões.

Da equipa habitualmente titular jogaram 3 jogadores. Apenas 3. Otamendi, James e Fernando

Quando referiu que houve alturas em que esses reforços foram necessários penso que se esqueceu de afirmar que jogadores como o Defour ou o Abdoulaye entraram numa equipa com rotinas.
Entraram com o Kiev numa equipa com 8 titulares e cumpriram.

Permita-me deixar-lhe uma pergunta para meditar:

Para cumprir o desiderato de ganhar mais jogadores para o plantel o que será preferivel?

Manter uma base estrutural com mexidas pontuais ou revolucionar a própria base como foi feito em Braga?

O que é que Pedroto fez ou faria?

Carlos Ribeiro disse...

Começo pelo fim (“O que é que Pedroto fez ou faria?”).Tão somente o que fez VP, porque ele era competente e sabia que optar de forma racional. Vejamos, o guarda redes está fora de questão, não conta para a questão em apreço. A defesa foi constituída por M.Lopes,Abdoulaye,Otamendi e Mangala, que já atuaram juntos, logo aqui só por “má vontade” se pode considerar não terem atuado titulares, mas cada um tem a sua opinião. Os centrocampistas foram Fernando,Defour e Castro.Os primeiros dois são habitualmente titulares ou reforços utilizados,só Castro(por acaso o melhor em campo até à expulsão,muito duvidosa…)é que não é utilizado com frequência.Pronto,aceito,uma alteração ou opção boa enquanto durou,má porque foi expulso(o amigo Olarápio escolheu o que estava mais à mão…).Talvez aqui o busílis (um)da opção VP não ter saído vitoriosa de Braga.Quanto ao ataque,James,Kleber e Atsu. Ora, James é titularíssimo, Atsu alterna com Varela a titularidade e como só jogando é que concluímos que Kleber (outro busílis)é um fiasco no FCPORTO.Portanto daqui se conclui(eu concluo…)que mexidas foram apenas duas:Castro e Kleber!
Agora respostas sintéticas às três perguntas:
1ª-os jogadores (aqueles que atuaram)já têm o nível desejado(exceção do Kleber,claro.
2ª-se chama base estrutural à equipa que jogou em Braga para a Liga,recordo que só marcou e ganhou o jogo ao minuto 90 e o Danilo não marcou na própria baliza,senão………..
3ª-já está respondida.

Prudente é não despertar o DRAGÃO adormecido.
Estúpido é aproximar-se dele quando está acordado!
Cumprimentos
CarlosRibeiro

Anónimo disse...

Walter Casagrande admite que se DOPOU no Porto, na época de 86/87. Na época em que o Porto ganhou a final de VIENA com uma segunda parte de loucos. A "Amarelinha do Póvoas" já era uma grande arma!!!

https://www.facebook.com/photo.php?v=532467660125026&set=vb.100000853902364&type=3

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