terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

A Orquestra do Dragão pelo Maestro Vítor Pereira.






Era eu ainda uma criança e ouvia amiúde a expressão " Nem tanto ao mar, nem tanto à terra", com o crescer e com as vivências entretanto adquiridas fui aprendendo que em tudo na vida existe sempre um meio termo, por vezes embandeirar em arco é descabido, por outras cair em desgraça porque algo na vida não superou as expectativas também pode  ser, e é, muitas vezes um erro de avaliação.





Serve isto para falar no NOSSO FC PORTO, que depois de excelentes jogos, contra o Gil Vicente  assim como contra o Guimarães, levou um balde de granizo gelado contra o Olhanense.

Se até domingo às 21:30 éramos na boca de muita gente e de muitos jornais um quase Barcelona do nosso burgo, os mesmos que embandeiraram em arco até essa data foram os mesmos que pelas 22:00 hora do Porto, já nos consideravam quase um Sporting qualquer.

Os extremos como tudo na vida são perigosos (como se quer que o sejam tanto Varela como James), e este resultado veio pôr um pouco de gelo (como o tempo na cidade) na euforia um tanto desmedida e quase patética, por certo nem os nossos responsáveis procuram fazer de nós um Barcelona (temos uma  identidade própria), nem um resultado menos conseguido nos atira para a lama futebolística.

Olhando friamente e já de forma distante para o jogo com a Olhanense, encontraremos facilmente alguns factores que justificam a menor produção futebolística da nossa equipa, ou seja uma menor produção em termos de velocidade, quem em termos de futebol jogado e segundo as estatísticas ( sou um pouco avesso a isto dos números, mas no desporto actual toda a gente nomeadamente os técnicos baseiam-se nelas para as suas análises diárias junto dos seus planteis) , mas elas dizem-nos que o domínio foi avassalador, nada mais que 67 ataques da nossa equipa contra 8 do adversário, 29 remates contra 3, mas sobretudo o domínio de jogo é uma coisa absurda e que demonstra a superioridade de forma inequívoca, nada mais nada menos do que 78% da posse de bola  por parte da nossa equipa!!!




Sendo o ser humano por norma emocional, contra o Guimarães por exemplo a critica geral era que nos assemelhamos a quase um paraíso futebolístico, uma equipa perfeitamente articulada que jogava futebol de modo tão harmonioso que o seu Maestro (Vítor Pereira) era quase já digno de dirigir as maiores orquestras a nível mundial, eu que não sou um indefectível Vítor Pereirista vejo-me quase na obrigação de o "defender"! 

De repente chega o Olhanense, leva o mesmo banho de bola, sofre a mesma superioridade daquela que era a maior orquestra que esta época já tinha pisado o (péssimo) relvado do estádio do Dragão, com alguns dos músicos que tão brilhantemente tinham tocado uma semana antes, o que lhes valeu como "prémio" a chamada às melhores orquestras dos seus países a meio da semana, onde o "solo" de Moutinho tocou por Portugal durante 90 minutos e Jackson quase à "capela" tocou durante 45 minutos pela sua Colômbia natal, a milhares de quilómetros da bela e apaixonante cidade do Porto, o que lhe valeu uma semana sem "ensaiar" com os seus músicos preferidos, com o cansaço e desgaste que isso provoca naqueles que são seres humanos como o vulgar adepto.

O Maestro de ontem (Vítor Pereira) pese embora pôr a orquestra a tocar com um tom abaixo e uns decibéis também inferiores (não por culpa própria, mas pelas condicionantes de treino a meio da semana), mas com o mesmo domínio acentuado de jogo, com as mesmas oportunidades e com manifesto azar do jogo, Bracalli fez uma excelente exibição, e Jackson desgastado falhou oportunidades que em condições normais não falharia, como o penalti por exemplo, passou quase que de maestro a cantor pimba! 

Maestro Vítor Pereira que este ano nos deu o privilégio de assistir a dois dos maiores recitais de futebol que assistimos nos últimos 20 anos em estádios da cidade do Porto, com um domínio de todas as envolvências do jogo esmagador quase, vê assim num jogo contra aquele cajuda apenas a montar autocarros, a sua capacidade posta de novo em causa ( por carisma ou por fluência de discurso nunca será um homem de consensos). 



Mas analisemos o seu trabalho durante esta última época:

  • Transforma a nossa equipa em qualquer campo, em qualquer estádio, numa equipa de posse de bola e domínio de jogo com percentagens não raramente acima dos 60%, repito em qualquer campo, em qualquer estádio.

  • Com estas jornadas decorridas dirige uma equipa invicta, com um dos melhores ataques de sempre da nossa história e com uma das defesas também das menos batidas da nossa história.

  • Construiu e uniu a equipa em sua volta, após atempada limpeza de balneário e consequente correr com as hienas que habitavam no seio da equipa na temporada passada.

  • Dotou a equipa com um modelo de jogo que lhe dá uma identidade, seja em casa ou fora, privilegia a posse de bola que muito se assemelha ao saudoso e famoso "Carrossel Azul e Branco" implementado pelo saudoso Mestre Pedroto.

  • É um treinador que demonstra uma capacidade psíquica e moral elevada: qual o treinador que nos últimos anos lançou mais jovens? E mais jovens oriundos da formação como Vítor Pereira? Nos últimos 20 anos, se a cabeça não me falha nenhum!! E assim de repente chamo à liça alguns nomes para exemplificar que estamos na presença de um treinador com coragem ( Atsu, Kelvin, A.Ba, Castro, Mangala, Tozé e Dellatorre (banco)), jovens esses que são uma grande base para um futuro risonho do nosso clube, alguns como Mangala por exemplo, que têm já o mundo do futebol a deitar-lhe os olhos de forma muito objectiva já.





Ora depois de toda esta prosápia que espero que não tenha causado muito cansaço aos nossos leitores, a culpa é manifestamente de Jackson Martinez, pois se não tem falhado o penalti não me tinha obrigado a escrever estas linhas e continuaríamos inebriados pela mentira de sermos uma espécie de Barcelona dos pobres e me fez escrever para "defender" a nossa honra de modo a não baixarmos a um patamar de Sporting por uma qualquer agência de rating!




Estamos atentos sobretudo aos elogios vindos dos jornais do Sul , sabemos o que eles significam e sabemos quando a esmola é demais que devemos estar alerta, estas três semanas que nos sirvam de exemplo para o futuro!

Ao longo da temporada não costumamos escorregar em muitos Olhanenses desta vida pelo caminho, como tal na próxima sexta-feira o domínio e o massacre em forma de golos espera por nós em Aveiro!


Nota: Nada percebo de música infelizmente, se porventura escrevi coisas que algum leitor ligado à área ache um absurdo digno de nota, deixo esse alerta e peço as minhas desculpas.


Por: Rabah Madjer

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