quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Champions League: Athletic Bilbao 0 - 2 FC Porto - Ópera em San Mamés

#ChampionsLeague #FCPorto #AthleticBilbao



O palco era dos complicados. O mítico San Mamés e do seu público. A equipa adversária estava em recuperação com duas vitórias nas ultimas duas jornadas do campeonato espanhol. Eles jogavam o tudo ou nada. Ou venciam para ainda sonhar ou praticamente diziam adeus à maior competição de clubes do Mundo. Para acrescentar ainda mais um problema, choveu muito no País Basco e o relvado estava muito pesado. E como estas equipas adoram estes terrenos!

Perante tamanhas dificuldades tínhamos de ser um Porto competente, um Porto das grandes noites de Champions. Superámos as adversidades, fizemos a melhor exibição da época e garantimos desde já o apuramento para os oitavos da Champions. Além de nós, só mais uma mão cheia de tubarões já o conseguiram.

Vários motivos para sair deste jogo com um enorme sentimento de dever cumprido. Lopetegui escolheu o seu 11 base, os jogadores mais utilizados até aqui. Uma escolha normal. Sim, apesar de muito se falar de rotação temos um 11 base, temos jogadores que sabemos que são mais titulares que outros...

Começa o jogo e desde o primeiro segundo vimos uma equipa a mandar, a nossa. Superioridade em todos os aspectos do jogo. Tacticamente irrepreensíveis, bloco subido mas sempre compacto. Uma pressão bem feita e com critério. Recuperada rapidamente a bola, jogo com critério. Com mais bola, como gostamos, mas com a necessária objectividade. Em cada momento de jogo, enorme personalidade e disponibilidade para lutar. Enfim, uma equipa que nos fazia sorrir...

É certo que no ataque brilhamos. Mas tudo começou mais atrás. Um guarda-redes que transmitia segurança. Os centrais sempre em vantagem, aquele espaço deles foi uma fortaleza, duas locomotivas nas laterais (Danilo melhor que o companheiro), um trinco a saber ser trinco e dois trabalhadores incansáveis à frente. Esta foi a base que permitiu ao mágico Brahimi e ao Jackson "domínio de bola" Martinez criarem situações em catadupa. E quantas oportunidades tivemos. Aos 12' a locomotiva Danilo comeu metros e centrou rasteiro. Jackson antecipou-se ao marcador mas atirou a centímetros do poste. Pouco depois Maicon de livre que foi defendido. No canto novamente Jackson a ganhar ao adversário mas ainda não era desta. Brahimi noutro livre a dar ideia de golo. Do Athletic nada, apenas uma sequência de bolas perdidas...

Também tivemos um penalti nesta primeira parte. Ia ser Jackson a tentar converter. Voltou a falhar. Esta saga dos penaltis de Jackson pode e deve ter fim. Jackson é um grande, enorme avançado. Que não tem marcado quando chamado a converter penaltis. Escolha-se outro. 

Ao intervalo o resultado era injusto.

Tínhamos de continuar assim na segunda parte. Tínhamos de continuar sólidos, disponiveis fisica e tacticamente. Tínhamos de continuar a aproveitar o espaço que a equipa basca ia dando pelas laterais. Sabíamos que o Bilbao ia carregar...

Criaram uma oportunidade. Foi esta a reacção que os deixámos ter. Rapidamente voltamos ao nosso jogo. 

E num lance como tantos, eis que surge Brahimi, o novo mágico argelino... Recebe a bola sobre a esquerda, Passa por Ibai Gomez e está na linha de fundo. Aparece Gurpegi e leva com um túnel. Passe para a boca da baliza e desta vez Jackson a acertar. GOOLO!

Estava 1 - 0 mas nada de reacção basca. Porto dono e senhor do jogo. Oliver, Herrera e Casemiro dominavam nas partes com relva e na lama. 

Brahimi estava endiabrado. Mais um livre a criar perigo. Logo a seguir coloca a bola na cabeça de Indi que falha por muito pouco. Estava a ser um festival! A bola queria estar nos seus pés, sabia que era sempre bem tratada, sentia-se acarinhada. Foi essa a sensação na altura do 2º golo. Aproveita um tufo levantado para fugir dos pés trapalhões de Iraizoz e se encaminhar para os suaves pés do mágico que tão bem a trata. Era um convite, "aconchega-me nas redes Brahimi". O argelino, sempre em sintonia com a sua amiga redonda fez-lhe a vontade. É uma relação bonita a destes dois...

Quase tão bonita era a prestação dos nossos adeptos. Ouvir-se em San Mamés? Está ao alcance de muito poucos. Nós conseguimos. Não só nos golos, mas em cada jogada, em cada disputa de bola. Nota 20 também para eles.

Termina o jogo. Estamos apurados a duas jornadas do fim. Estamos no lugar onde devemos estar. Grande Champions até ao momento.

Agora total foco no campeonato. De nada servirá este jogo se não tiver correspondência. O campeonato é a nossa luta principal. Domingo no Estoril queremos mais 3 pontos. Façam o que mostraram saber fazer...


Análises individuais:

Fabiano: Viu uma bola bater no poste num lance fortuito. Tirando isso, noite muito mais tranquila do que esperava. Sempre que foi chamado era a tranquilidade. Seguro, não largava uma bola, fosse em remates ou em cruzamentos. Com os pés foi inteligente. Com aquele terreno nem sempre dava para jogar curto, era arriscado. 

Danilo: Está a tentar dar razão a Pinto da Costa. fase tremenda. Uma locomotiva ao longo dos 90'. Seguro a defender, Ibai Gomez e Muniain nunca saíram por cima. A atacar muito critério. Assistiu Jackson numa jogada e tentou ele próprio o golo depois de mais uma bola recuperada por si.

Maicon: Este é o Maicon que gostamos. Duro, atento e prático. Não deve ter perdido nenhum lance. Quase marcou de livre. 

Martins Indi: O patrão. Jogo à Porto. Saiu combalido num lance de cabeça? Sem problema, no seguinte se for preciso vai lutar nas alturas novamente. Muito seguro, espetacular no posicionamento e na antecipação. 

Alex Sandro: Foi crescendo com o jogo. Não começou bem, perdendo algumas bolas e faltoso na defesa. Foi melhorando e fez uma exibição, sobretudo no plano defensivo, muito competente.

Casemiro: A melhor exibição desde que chegou. Posicionalmente foi um 6 de excelência. Bem a dobrar os companheiros, bem a perceber quando não se podia desposicionar. Assim conseguiu somar desarmes e intercepções. É um jogador viril mas cada menos excessivamente faltoso. 

Herrera: Não foi um jogo em que brilhou com as suas arrancadas. Foi um jogo que lhe pedia outras coisas. Pedia-lhe atenção, pressão e que desse equílibrio. O mexicano percebeu isso e foi isso que deu. Com bola, nem sempre era preciso meter a 5ª. Havia alturas em que era importante meter curto e respirar. Também percebeu isso. Fundamental no nosso domínio. 

Oliver: O primeiro a pressionar. E que bem o fez! Quantas bolas obrigou o adversário a aliviar sem nexo para afrente porque o pequeno espanhol tinha cortado as linhas de passe. Correu muito e correu bem. Com posse, sabe o que fazer. Bem nas variações de flanco para termos bola em zonas menos ocupadas. 

Tello: Não era um jogo fácil. Metia velocidade nos seus lances mas quase sempre perdeu os duelos. Bem substituido.

Brahimi: Na lama da primeira parte ou no relvado pesado da segunda. Não importa. Recebe a bola e a hipótese de sair perigo dali é muito grande. Tem um arsenal de fintas extraordinário. Quase marcou de livre, teve uma brilhante jogada no 1º golo e marcou o segundo. Grande exibição, mais uma, de Brahimi. 

Jackson: É um craque. A bola chega a ele e sabemos que dali não sai. Recebe e sabe o que fazer. Sempre a dar-se ao jogo e a defender quando era preciso. Um avançado que consegue sempre oportunidades. Mérito dele, instinto de avançado, sabe onde estar. Só não deve é marcar penaltis...


Quaresma: Não era um jogo para o Harry Potter. Era um jogo para o Quaresma comprometido e que era mais importante segurar a bola. Era o pedido e foi o que Quaresma fez com o talento que lhe conhecemos.

Ruben Neves: Embora sem brilhar continuou o bom trabalho de Oliver nos processos defensivos. Tem uma inteligência e uma percepção do jogo nada vulgar num jovem desta idade. Nem nesta idade nem em idades superiores. Tomara a muitos veteranos perceber o que fazer em campo tão bem como o nosso menino...

Adrian: Entrou quase no fim do jogo.


Ficha de jogo:

Athletic Club Bilbao 0-2 FC PORTO
UEFA Champions League, Grupo H, 4.ª jornada
Quarta-feira, 5 Novembro 2014 - 19:45
Estádio: San Mamés, Bilbau
Assistência: 47.243


Árbitro: Felix Brych (Alemanha).
Assistentes: Mark Borsch e Stefan Lupp; Bastian Dankert e Marco Fritz (adicionais).
Quarto Árbitro: Marco Achmüller.

ATHLETIC CLUB BILBAO: Iraizoz, De Marcos, Gurpegi, Laporte, Balenziaga, San José, Rico, Beñat, Susaeta, Guillermo Fernández, Ibai Gómez.
Suplentes: Herrerín, Iturraspe, Bustinza, Iraola (46' Beñat), Etxeita, Muniain (46' Susaeta), Viguera (73' Ibai Gómez).
Treinador: Ernesto Valverde.

FC PORTO: Fabiano, Danilo, Maicon, Martins Indi, Alex Sandro, Casemiro, Herrera, Óliver Torres, Tello, Jackson Martínez, Brahimi.
Suplentes: Andrés Fernández, Marcano, Quaresma (60' Tello), Quintero, Adrián López (90+1' Brahimi), Rúben Neves
(81' Óliver Torres), Aboubakar.
Treinador: Julen Lopetegui.

Ao intervalo: 0-0.
Marcadores: Jackson Martínez (55'), Brahimi (74').
Disciplina: Alex Sandro (17'), Gurpegi (20'). 


 Por: Paulinho Santos





  

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa cronica.

Um FCP competente e em crescimento.

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