segunda-feira, 29 de maio de 2017

Triplete!


Triplete!

Que grande triplete 
Que se serviu de polvo,
E que gáudio vai no povo
No que lhes compete!

Até o Costa se serviu
De mais um filete,
E o qu'ele gosta do triplete 
C'o arroz à "Diu"!

É tudo à fartazana 
Na casa do povo,
E assim se serve polvo 
Semana após semana!

Ai, um triplete,
Mas nacional!?
Qu'o polvo fora de Portugal
Não compete...

Mas se competisse
Como nos anos sessenta,
Ninguém tinha mais venta 
Qu'ali se visse!?

S'o povo ganhasse
Um triplete a sério, 
Acabava-se c'o mistério 
Do "erro da classe"...

Aí sim, o polvo,
Servia um belo arroz!
E já nenhum de nós 
Duvidada, de novo...

O polvo era campeão
Da Europa!
Mas aí, a batota, 
Requer internacionalização!

E d'aviário,
Os "nossos internacionais",
Lá não decidem jogos iguais 
Ao contrário!?

E aí o polvo encarnado 
Já não faz triplete,
Porque ninguém lhe faz frete 
Na desculpa à apito dourado...

Ali o Meirim
Não trata dos processos,
E ali eles são suspensos 
Sem c'o jogo chegue ao fim!!

Ali não há contemplações
C'o seu passado "ilustre",
E por muito que lhes custe 
Executam-se as expulsões!!

Ali o Luisão 
Era expulso na hora, 
E o jogo ao fim d'uma hora 
Dava outro campeão!!

Ali não não se faz vista grossa
Ao cartão!!
E o Pizzi tem a suspensão 
Quando mete o pé na poça...

Ali não há Capelas,
Ferreiras, Xistras, Ferraris,
Tiagos, Rolas, Duartes,
Pr'o jogo às três tabelas!!

Eu se foss'ao Porto
Jogava "só" pr'a Europa,
Qu'o polvo por batota 
Aqui ganha sem estorvo!

E fazia por juntar 
Uma oitava taça, 
E lá mostrar à "raça"
Aquilo qu'é ganhar!!

Qu'o cefalópode 
Há mais de meio século, 
Não sabe o qu'é o mérito 
De ganhar fora de metrópole!!!

Na capital do império
Ele é o grande vencedor!
Mas lá for'o andor 
Não tem o mesmo critério!?

E o que dizer 
Deste triplete?
É mais um filete 
De verbo d'encher!

É a propaganda 
Do Regime Nacional,
Pois qu'aqui em Portugal 
É o polvo qu'abunda!!

É só ver a banca
E o seus saldos negros, 
E ver os nossos empregos 
Metidos na tranca!

Qu'os nossos impostos 
Servem pr'a alimentar,
Esta gente tentacular 
Nos seus gostos!

O polvo tudo prende
Nos seus tentáculos,
E tudo conflui nos mesmos actos 
Ond'o dinheiro rende!

"É só seguir o dinheiro" - 
Como diss'o "garganta funda" -
E ver ond'o mesmo abunda!
"Porqu'o dinheiro não tem cheiro"...

E se lá tresanda 
No travo a "bilião",
É o polvo que faz a gestão 
Como quem manda!

Estamos entregues ao bicho
"Inteligente",
O polvo é esta massa de gente 
Em tal nicho!

A dos vouchers, dos bilhetes,
Dos media, da Fundação,
Este Estado sem nação,
E este polvo de filetes!

Esta gentalha que s'exortava 
Contr'a promiscuidade futebol/política,
E qu'agora já não vê trica 
Numa outra bancada!?

É o triplete polvilhado 
À APAF e ao Conselho,
A qu'o  Estado Novo velho
Se junta por Zé do Telhado!

As insígnias vencedoras
Anunciam longo "reino",
Pois qu'o polvo já está em treino
Nas modalidades amadoras!!!

E nos empréstimos a quilate
Aos clubes da sua alçada, 
E as compras d'atacada 
Nem dão empate!

Pr'o ano há mais
Qu'a Morgado está de sabática,
E o crime nunca tem prática 
A não ser que saia nos jornais!?

E s'o Orelhas
Lá nunca é visado, 
É porque nunca foi procurado,
Nem se lhe fizeram buscas às telhas!

É o triplete!
E o país está em festa!
E agora só nos resta 
Qu'o polvo nos dê manchete...

Mas é melhor esperar 
Sentado,
Porqu'o polvo encarnado 
Nunc'o mandará publicar...


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